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A diversidade não pode ser só tendência

  • Foto do escritor: Angola Comunicação
    Angola Comunicação
  • 25 de nov. de 2024
  • 3 min de leitura

Por Carolina Barreto e Anna Terra*


Já faz alguns meses, tenho, eu Carol, ouvido e observado um esfriamento na discussão sobre diversidade dentro da comunicação corporativa. A gente sabe que desde 2020, a pauta da inclusão ganhou espaço a partir do movimento global que foi o Black Lives Matter e outros acontecimentos no nosso território, como o assassinato terrível de João Alberto Freitas em uma loja do Carrefour. Esses e outros acontecimentos trouxeram para superfície a urgência de ações concretas por parte das empresas, um chamamento à responsabilidade das marcas no combate ao racismo.


A partir disso, vimos uma crescente de corporações contratando pessoas exclusivamente para tratar de diversidade e inclusão, criação de comitês antirracistas e muitos outros dispositivos comprometidos em diversificar e incluir.


Mas, cá estamos, Novembro Negro de 2024, vez ou outra surgem notícias de grandes empresas dissolvendo seus times dedicados a diversidade, marcas de produtos surgindo no mercado já com a premissa de excluir consumidoras e consumidores negros... Toda uma abordagem importantíssima para estar na essência de qualquer corporação/empresa ou organização, que é diversificar e humanizar todas as pessoas, aparentemente tratada como uma mera tendência ou uma ação esporádica.


O último estudo do Instituto Ethos com título Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas 2023-2024, mostrou que nos conselhos de administração, responsáveis por tomar as decisões estratégicas das empresas, só encontramos 1,8% de mulheres negras, contra 77% de homens brancos.


Esses números são absurdos e refletem a necessidade de mantermos o tema aceso, afinal sabemos que as mulheres compõem a maioria da população brasileira e que as pessoas negras também representam uma grande parcela. Desse jeito, tratar de diversidade é uma necessidade que deve estar presente nos princípios de liderança e valores de qualquer corporação que preze pelo respeito e humanização de todas as pessoas.


Imagem ilustrativa integrante do nosso calendário de causas. / Angola Comunicação 2023
Imagem ilustrativa integrante do nosso calendário de causas. / Angola Comunicação 2023

Aqui na Angola Comunicação a pauta da diversidade atravessa todos os nossos processos. Somos uma agência fundada e dirigida por uma mulher negra, priorizamos a contratação de mulheres negras, além de termos políticas internas de facilitar o acesso de pequenas organizações e empresas que trabalham a pauta antirracista e de direitos humanos aos nossos serviços. Essas são algumas das ações que nós, como uma pequena empresa, já implementamos. 


Mas além disso, nós trabalhamos com comunicação em diversos formatos e espaços, e nossa construção, nosso olhar, nosso repertório, é sempre atravessado pela pauta da diversidade. Porque nós não estamos em luta apenas quando falamos de antirracismo. Nós estamos na luta quando existimos e ocupamos os espaços para produzir materiais de comunicação sobre temas diversos, quando trabalhamos produtos de design, quando facilitamos processos formativos, quando realizamos consultorias de comunicação ou construímos planejamentos estratégicos pensados coletivamente, com os olhares e mentes diversas que fomentamos na nossa equipe.


Equipe da Angola Comunicação em atividade de campo no município de Salvaterra, no Marajó/PA
Equipe da Angola Comunicação em atividade de campo no município de Salvaterra, no Marajó/PA

Daqui, o nosso desejo é que a cada ano, a cada novembro, a gente tenha conquistas a celebrar no campo antirracista. Não podemos tratar a diversidade apenas como tendência.


 * Carolina Barreto é artista visual, profissional do design há mais de dez anos e atua como designer na Angola Comunicação. Tem uma trajetória profissional atrelada à comunicação popular, junto a organizações civis e empresas privadas de atenção aos direitos humanos, antirracismo, antiLGBTQIA+fobia, juventudes, incidência política, ações socioambientais e agroecologia. 


*Anna Terra é publicitária, coordenadora de comunicação na Angola Comunicação, e tem vinte anos de experiência na área de comunicação.

 
 
 

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