As comunidades se fortalecem como tendência de comunicação e de relações interpessoais
- Angola Comunicação
- 17 de mar.
- 3 min de leitura
Por Anna Terra*
Você faz parte de alguma comunidade? Bem, vamos conversar melhor sobre isso, e o impacto de se coletivizar, tanto para a mobilização social quanto para o marketing de vendas e outros movimentos que a comunicação toca.
Nos últimos anos, a formação de comunidades vem aparecendo como uma tendência, não só na comunicação. Você já deve ter recebido um convite para participar de uma comunidade por quem produz conteúdo, por exemplo, para um grupo de corrida ou até para praticar crossfit. Eu, que sou viciada em podcasts, escuto em vários programas o convite para ser assinante e participar de um grupo exclusivo com conteúdos especiais, por exemplo. Isso é formação de comunidade. Uma comunidade que dá suporte à produção de conteúdo independente.
E esse movimento não apenas redefine a forma como marcas, organizações, projetos e pessoas se relacionam, mas também reforça algo que muitas organizações da sociedade civil já fazem há décadas: construir redes baseadas na troca e na coletividade. Porque é algo que, no fim das contas, todo mundo ganha.

A comunicação e o marketing centrados em comunidades partem do princípio de que o engajamento real não vai acontecer mais por aquele alcance massivo, mas sim por conexões autênticas. Em vez de falar para um público genérico e pouco engajado, a comunicação vem buscando espaços de pertencimento, onde as pessoas se sentem parte ativa de algo maior.
Aqui na Angola Comunicação sempre que vamos trabalhar os Planejamentos de Comunicação, por exemplo, gostamos de destacar que o público da comunicação não é para quem vamos falar, e sempre com quem queremos dialogar: “com quem queremos conversar?”, essa é sempre a nossa pergunta. A comunicação é cada vez mais uma troca, e a troca vem sendo muito mais coletiva.
Um paralelo interessante pode ser feito com o universo dos softwares open source, que se estruturam em torno da experiência coletiva e da colaboração. No SXSW [South by Southwest], um dos mais importantes eventos de inovação do mundo, que está acontecendo nesta semana em Austin (EUA), Jay Graber, a CEO do Bluesky, destacou como a plataforma busca reverter a lógica centralizadora das redes sociais tradicionais, centrada nos usuários e criando um ecossistema baseado em personalização, autonomia e conexões genuínas. Essa dinâmica também reflete o que já é prática consolidada entre organizações sociais, que sempre articularam suas estratégias a partir do povo, de suas necessidades e de sua participação ativa.
O modelo de negócio das bigtechs de comunicação, no entanto, segue no caminho oposto. A necessidade de maximizar o tempo de tela faz com que algoritmos priorizem a retenção a qualquer custo, entregando conteúdos que os usuários não necessariamente escolheram seguir. Bruno Natal, no podcast Resumido, fez uma reflexão interessante sobre a relação entre esse modelo de negócio e o crescimento das comunidades como estratégia de subverter essa lógica. Hoje, cerca de 57% do conteúdo consumido no TikTok, por exemplo, vem de perfis que a pessoa não segue. Como resultado, cada vez mais pessoas buscam espaços mais fechados, onde possam se conectar com o que realmente importa para elas.
Nesse cenário, construir comunicação baseada em comunidades não é apenas uma estratégia eficaz — é também uma forma de democratizar o acesso à informação. Porque, no fim das contas, é assim que as democracias deveriam funcionar: centradas nas pessoas, no diálogo e na construção coletiva.
Na Angola Comunicação, sempre acreditamos nesse caminho. A comunicação que fortalece a mobilização social é a mesma que coloca o povo no centro das decisões. E é essa construção comunitária que nós acreditamos que vai continuar sendo o futuro da comunicação.
Quer conversar mais com a gente sobre como construir uma comunidade engajada? Escreve pra gente no contato@angolacomunicacao.com e vamos bater esse papo.
*Anna Terra é publicitária, pós-graduada em filosofia, se especializou nas áreas de planejamento estratégico de comunicação, produção de conteúdo e gerenciamento de projetos, e atua como coordenadora de comunicação na Angola Comunicação.
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