Fartura que se compartilha: o que as festas juninas ensinam pra nossa comunicação
- Angola Comunicação
- 30 de jun.
- 2 min de leitura
por Catarina de Angola*
Esta edição da Fuá foi escrita diretamente do Sertão da Paraíba, onde passei o feriado junino com a minha família, na zona rural de um município que carrega tradições no jeito de viver, de cozinhar e de festejar.
Aqui, o São João não é só uma data no calendário. É tempo de reunir família e amigos, de acender fogueira, enfeitar as casas, de ouvir forró até de manhã e, principalmente, de celebrar a colheita! Tem bolo, tem pamonha, tem canjica, tem batata doce, tem mungunzá, tem cocada, tem doces variados. Tem prato passando de mão em mão e receitas e história atravessando gerações.
Este ano, como em outros das duas últimas décadas, as conversas de pé de porta no final da tarde também têm um tom de preocupação: as chuvas que chegaram vieram em menor quantidade que o habitual. A preocupação com a produção e com o futuro da colheita já faz parte das conversas de quem sempre soube ler os sinais da terra e do tempo. As mudanças no clima, que pra muita gente parecem distantes, por aqui já são percebidas no dia a dia.
E é entre montar a mesa e festejar que fiquei pensando quanta lição esse tempo sempre me traz para o nosso trabalho na comunicação de causas.

O São João ensina sobre generosidade. Sobre partilha. Sobre fazer junto. Sobre olhar pro que é comum, coletivo, comunitário. Sobre deixar marcas com bandeiras, cores, balões coloridos enfeitando as casas. Tudo aquilo que a gente tenta traduzir nas estratégias, campanhas e planos que criamos com e para as organizações sociais.
Comunicar uma causa é, no fundo, plantar junto. Cuidar junto. E colher junto. Não é só sobre ter boas ideias ou textos bem escritos. É sobre escutar, conectar e devolver pra sociedade um pedaço de esperança, de mobilização e de transformação.
Num mundo que produz comida suficiente pra alimentar todo mundo, mas onde a fome ainda é realidade pra milhões, lembrar da fartura junina é também lembrar da responsabilidade que temos de transformar comunicação em ação que muda realidades.
Daqui, sigo pensando em como fazer com que a comunicação que a gente entrega tenha o gosto bom de comida de junina, o cheiro de milho assado e a força de uma rede que se apoia pra não deixar ninguém pra trás.
Que a gente siga criando, trabalhando e sonhando com uma comunicação que, como as festas juninas, celebre o que é coletivo e cuide pra que a fartura não falte.
*Catarina de Angola é mãe, jornalista, idealizadora e diretora executiva da Angola Comunicação.
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