Por Catarina de Angola*
Nossa equipe está há exatamente uma semana no estado do Pará, região Norte do Brasil. Nos dividimos entre Belém e três municípios do arquipélago do Marajó: Cachoeira do Arari, Salvaterra e Soure. Chegamos para duas ocasiões muito especiais. Ainda na semana passada nos reunimos presencialmente pela primeira vez com o Comitê de Implementação do projeto Marajó Resiliente, realizado pela Fundação Avina, com recursos do Fundo Verde do Clima (GCF - Green Climate Fund), que será executado ao longo de cinco anos no Marajó. Nós da Angola Comunicação nos somamos a essa iniciativa, sendo a agência que pensará estratégias de comunicação e executará atividades dessa área no projeto. E a execução do projeto conta ainda com as organizações Belterra, IEB e Conexus.
Comitê de Implementação do projeto Marajó Resiliente, com a presença da Fundação Avina, Instituto Belterra, IEB, Conexus e nós da Angola Comunicação, durante reunião em Belém/PA.
Também celebramos 5 anos de Angola Comunicação! É muito especial estar com nossa equipe aqui no Pará e comemorarmos presencialmente. Ainda recebemos presencialmente a jornalista Cecilia Amorim, que passa a integrar nossa equipe em Belém. E mais feliz ainda neste momento em que nos somamos ao projeto Marajó Resiliente. Isso porque a proposta do projeto é promover a implementação de sistemas agroflorestais (SAFs) no Marajó, que é o maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo, e que está na Amazônia brasileira. E vamos interagir e construir estratégias de comunicação e outras ações diretamente com agricultores e agricultoras familiares e comunidades quilombolas da região.
A Ilha do Combu recebeu toda nossa equipe para celebrar os nossos 5 anos de vida!
Realizar uma ação de comunicação para mobilização social que se some com a produção de campanhas, de materiais contextualizados, mas também que contribuam para a incidência política são dos trabalhos que mais gostamos de realizar, eles estão no cerne da nossa origem, pois eu mesma vim da trajetória de realizar trabalhos de comunicação em contextos rurais com a perspectiva da adaptação climática, fosse no Semiárido ou na Zona da Mata, e agora estamos no Marajó! O projeto atua com o olhar para a atual crise climática e os sistemas agroflorestais desempenham um papel fundamental nesse contexto, promovendo a produção de alimentos com equilíbrio ambiental.
Nossa equipe em campo, participando do Diagnóstico Rápido Participativo e visitando uma área de SAF, em Salvaterra/PA.
Em três dias nos municípios de Cachoeira do Arari, Salvaterra e Soure participamos de atividades do projeto como o Diagnóstico Rápido Participativo, também aplicamos questionários em que vamos gerar um diagnóstico sobre o contexto da comunicação nesses municípios, estivemos em campo visitando áreas de agricultores e também outros espaços na busca de referências também visuais para a identidade visual do projeto. E ao ouvir e observar tantas coisas acontecendo, percebemos que a dinâmica da agricultura familiar, especialmente a agricultura diversificada aqui no Marajó tem muito a nos ensinar na comunicação:
Valorizar iniciativas e práticas que já existem e são bem sucedidas. “O açaí atravessa gerações”, nos ensinou o agricultor Ronildo Araújo, de Salvaterra.
Planejar para ter bons resultados. “Um SAF precisa ter planejamento”, nos mostrou com orgulho o agricultor Jedson Barbosa, de Soure.
Observar para rever os caminhos. As mudanças climáticas têm mexido com a dinâmica da agricultura e a observação faz com que os agricultores consigam sentir as mudanças e repensar práticas. Isso pode e deve ser aplicado em nossas dinâmicas de comunicação.
A comunicação é um direito humano e a internet deve ser para todas as pessoas. O debate sobre o acesso à informação e a democratização da comunicação continua atual. Muitas localidades, especialmente rurais em todo país, ainda não têm acesso de qualidade a comunicação contextualizada e local e menos ainda à internet.
Nem tudo é internet. A comunicação olho no olho continua viva. Produzir comunicação para a internet não significa chegar a todo mundo. É necessário uma estratégia diversificada e uma presença em diversos canais.
As dinâmicas locais culturais e de comunicação estão vivas.Festejos, artesanatos, músicas, danças que vieram dos antepassados ainda vivem, alegram e mobilizam as pessoas.
Nossa equipe toda em campo no Marajó: Carol Barreto, Gabriela Lobo, Catarina de Angola, Anna Terra e Cecilia Oliveira. (Da esquerda para a direita)
*Catarina de Angola é jornalista, idealizadora e diretora executiva da Angola Comunicação, com quase vinte anos de experiência em assessorias e gestão de comunicação no terceiro setor.
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