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Será que você precisa de um descanso?

Foto do escritor: Angola ComunicaçãoAngola Comunicação

Por Catarina de Angola*


Um dos nossos maiores trabalhos aqui na Angola Comunicação é escutar equipes e profissionais de comunicação. Isso porque a gente trabalha com uma escuta ativa no que estamos desenvolvendo para as organizações, mas também porque ela é um dos instrumentos que lançamos mão antes de elaborarmos as propostas a serem apresentadas a quem chega na gente. E se tem uma coisa que escutamos muito ao longo deste ano, direta e indiretamente foi: “estamos cansadas”, “estamos exaustas”, “não sabemos como estamos dando conta”, “não aguentamos mais uma dinâmica como essa”, “estamos sem agenda”, “não conseguimos cumprir os prazos”, entre muitas outras coisas que nos denotam um sinal de cansaço generalizado de quem trabalha com comunicação.


Eu sei, essa já é pauta antiga aqui na FUÁ, na verdade, essa é uma dinâmica antiga nos setores e comunicação, mas ela continua tão latente, e ainda mais crescente agora que o final do ano se aproxima, que não tem como a gente não conversar mais sobre isso aqui internamente e consequentemente conversar também com você. Outras equipes também estão cansadas, afinal quem chega a um final de ano, ainda mais com um momento de mundo que estamos vivendo sem estar cansada de tudo? Mas o que não podemos é naturalizar um cansaço e uma exaustão de um setor de trabalho, e quem é comunicadora sabe bem do que estou escrevendo aqui.

Que o mundo anda acelerado, todo mundo já percebeu, mas três coisas me alertaram para isso com mais força na última semana: as últimas escutas que realizamos, como citei acima; o livro “Descansar é Resistir - Um Manifesto, de Tricia Hersey, que ganhei de Anna Terra aqui no trabalho; e o episódio “O que entretém as crianças hoje”, do podcast Café da Manhã, da Folha de São Paulo.


Me assustou quando ouvi a seguinte frase do repórter no podcast: “Parece que os conteúdos se adequam não só a plataforma, mas ao nosso cotidiano. Dá para preencher qualquer espaço de tempo com alguma coisa para ver.” Saber que ele falava em um contexto de conteúdo para crianças me deixou ainda mais apreensiva.

Como assim estamos preenchendo todo e qualquer espaço de tempo com entretenimento? E olhei para mim mesma como consumidora, mas também como mãe e mais ainda como profissional, e pensei que não tem como a gente não ter uma classe trabalhadora da comunicação exausta se a todo tempo tem comunicação sendo realizada em um ritmo que não conseguimos às vezes mensurar (nem consumir).


´É só um post de rede social, um foto com uma legenda´, assim pensam quem não está produzindo aquele conteúdo. E assim, cada setor da organização já demanda um, dois, dez cartões, mas muitas outras demandas, muitas vezes desconectadas e, dessa forma, impossíveis de serem estratégicas. Mas ao final do ano avaliam que a comunicação não deu conta da mobilização social.


Dá para mudar esse cenário? Eu sempre acho que as mudanças vem a partir da organização social. Podemos começar a pensar nisso? Mas dá pra tentar respirar, pegar o protagonismo da sua demanda de trabalho e colocar um planejamento mais real. Se você acha que seu espaço de trabalho tem condições para isso e quer ajuda para pensar, chama a gente para uma conversa. De qualquer forma, falar sobre isso com nossos colegas da comunicação sempre nos ajuda um pouco mais.


“O descanso é um remédio que nos projeta para o futuro. O descanso rompe barreiras e abre espaço para a invenção”, trechinho do livro de Tricia Hersey. Eu te desejo um pouco de descanso!


*Catarina de Angola é jornalista, idealizadora e diretora executiva da Angola Comunicação, com experiência em assessorias e gestão de comunicação no terceiro setor.


 
 
 

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