Por Catarina de Angola*
Eu pensei muito sobre o que escrever para a última edição da FUÁ, que inclusive saiu atrasada (que recebe por e-mail sabe que o dia é quarta-feira, mas esta edição saiu na quinta), mas o compromisso da semana foi mantido!
E quando pousei em Recife já quase na madrugada de quarta-feira passada, depois de praticamente 15 dias em viagens de trabalho aqui pela Angola Comunicação, eu ouvi um vídeo de uma amiga e ela falava sobre sonhos. Isso me tocou muito, porque tem uma relação direta com os últimos dias que vivenciamos por aqui.
Este texto deveria ser exclusivamente sobre uma constatação que tivemos enquanto equipe na nossa participação no início do mês do Festival ABCR - Associação Brasileira de Captadores de Recursos: não se faz captação de recursos sem comunicação. E essa nossa observação reflete de fato o que vimos por lá. Para captar é necessário diálogo, comunicação, e queremos demais falar mais sobre isso, porque não é apenas sobre a captação de indivíduos, mas sobre a relação com qualquer apoio ou parceria que sua organização estabeleça para seguir realizando os trabalhos. Sem comunicação não há também sustentabilidade institucional. E vamos sim abrir essa conversa tão necessária. Mas será que ela também não se relaciona com nossos sonhos?

Anna Terra e Catarina de Angola no Festival ABCR, no começo deste mês em São Paulo.
Nos últimos 15 dias, eu e Anna Terra, também de nossa equipe, estivemos nas cidades de São Paulo e Brasília. Participamos do Festival ABCR, mas tivemos a oportunidade de dialogar com muitas pessoas e organizações e muitas com quem já trabalhamos. A exemplo de um cafezinho tomado na sede da Énois ou a conversa com parte da equipe do Fundo Baobá. Além de acompanhar a incidência política realizada por meninas de todas as regiões do país por um novo Plano Nacional da Educação (PNE), numa perspectiva antissexista e antirracista, a partir da ação do INESC.

Estivemos com a equipe do Fundo Baobá, em São Paulo, e ficamos muito felizes com a troca que tivemos com toda equipe.
Esses foram momentos especiais para nós, para o que vislumbramos enquanto uma agência que acredita na comunicação como direito humano, como estratégia de mobilização social. Agora no mês de agosto, completaremos cinco anos, e esses últimos dias foram momentos que reafirmaram o valor do nosso trabalho, mas também a importância dele. Somos uma agência de comunicação que atua especialmente com consultoria e planejamento estratégico em comunicação, com construção e formulação de campanhas, com design e com formações em comunicação, além da produção de conteúdos em diversas linguagens. Somos uma agência do Nordeste do Brasil, formada por mulheres diversas. Somos um sonho que se realiza no dia a dia com muitos desafios.

Meninas de todo Brasil, a partir da ação do INESC, foram à Brasília incidir sobre o novo Plano Nacional de Educação. O Brasil precisa implementar uma educação com perspectiva antirracista e antissexista. | Foto: Ramona Jucá
Este texto é um texto talvez para nós mesmas olharmos para o trabalho que realizamos, avaliar, celebrar e transformar. Mas também para te dizer que não deixe de sonhar na sua organização, no seu trabalho, na sua proposta de captar mais pessoas ou recursos para sua ação. E sonhos se concretizam, pensar sobre eles é o primeiro passo, para inclusive, se mobilizar em luta e em busca deles.
*Catarina de Angola é jornalista, idealizadora e diretora executiva da Angola Comunicação, com quase vinte anos de experiência em assessorias e gestão de comunicação no terceiro setor.
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