Por Catarina de Angola*
“Se você é gestor ou gestora, como tem percebido sua equipe de comunicação? Como tem tratado essa questão em sua organização? Um olhar sobre as questões de gênero que atravessam esse contexto tem sido pontuado?”
Foi com exatamente o parágrafo acima que eu fechei o texto da newsletter passada, mas que acabou não sendo copiado para o arquivo enviado. Quando me dei conta disso, a edição passada da Fuá já havia sido disparada, mas fiquei pensando que não poderia deixar de trazer aqui essas questões para envolver a gestão das organizações na conversa sobre sobrecarga das equipes de comunicação. Porque eu acredito na importância da nossa articulação e acolhimento entre profissionais de comunicação, mas a gestão precisa fazer parte da conversa.
E precisava voltar nesse assunto também porque recebemos alguns retornos de leitores da Fuá, dizendo como essa questão da sobrecarga, das muitas funções e de equipes enxutas para muito trabalho e expectativa, infelizmente, fazem parte do dia a dia. Foram mais retornos do que em qualquer outro tema aqui já abordado. Então, sim, precisamos falar mais sobre o trabalho das equipes, das assessorias, e de quem está produzindo conteúdo e gerindo redes sociais.
Foto: Freepik
Ainda assim, eu percebo um avanço no campo organizacional, no terceiro setor, de pensar a comunicação. Se estivéssemos em um cenário de dez anos atrás, estaria escrevendo sobre a importância de termos ao menos uma pessoa de comunicação nas instituições. O cenário mudou, pouco, mas mudou. Avalio que o contexto de captação de recursos, impulsionado por doações individuais, como um dos provocadores da necessidade de profissionais de comunicação. Porque sem comunicação não há captação.
Hoje, com esse pequeno avanço, falamos em um contexto mais dinâmico de comunicação, quase toda organização tem um perfil nas redes sociais (e às vezes está limitando a comunicação a isso, papo para outra conversa que iniciamos por aqui), e isso já é um dos fatores de muitas tarefas. Com o maior acesso à ferramentas e aplicativos de comunicação, parece que esse é um trabalho simples. Parece que às vezes é feito com mágica, simplesmente é produzido. Mas não, posso afirmar que, mesmo em um contexto de Inteligência Artificial, comunicação exige estratégia, que exige pesquisa, que exige tempo, que exige criatividade para a produção, e ela não cai do céu!
E é por isso que essa conversa tem que chegar nas salas de gestores, porque sem termos condições garantidas para essa comunicação estratégica fluir ela não tem resultados, ela vira apenas número de postagens, ela não provoca conversas.
Tudo isso para dizer, vamos então valorizar os processos e profissionais de comunicação, vamos trocar experiências, fortalecer equipes, pensar fluxos mais eficientes, planejar ações, dividir tarefas. Por aqui temos refletido cada vez mais sobre isso, prestando consultoria a organizações que já estão abertas a conversar.
A gente pode fazer essa conversa com você olho no olho, é só nos convidar.
*Catarina de Angola é jornalista, idealizadora e diretora executiva da Angola Comunicação, com quase vinte anos de experiência em assessorias e gestão de comunicação no terceiro setor.
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