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Seis anos construindo comunicação para o Sul Global

  • Foto do escritor: Angola Comunicação
    Angola Comunicação
  • 23 de set.
  • 3 min de leitura

por Catarina de Angola*


Em agosto, nós da Angola Comunicação completamos seis anos (uma alegria para todas nós por aqui). Nesse tempo, seguimos construindo comunicação a partir de territórios que enfrentam desafios históricos e, ao mesmo tempo, produzem respostas e soluções que interessam ao mundo inteiro.


Celebração dos 6 anos da Angola Comunicação. Foto: Jéssica Bernardo/ Angola Comunicação
Celebração dos 6 anos da Angola Comunicação. Foto: Jéssica Bernardo/ Angola Comunicação

Um exemplo desse caminho é o projeto Marajó Resiliente, iniciativa que fortalece a adaptação climática no arquipélago do Marajó, no Pará, por meio da experiência de agricultoras e agricultores e seus sistemas agroflorestais. O projeto liderado pela Fundación Avina, e financiado pelo Fundo Verde para o Clima (Green Climate Fund), é executado em parceria com outras organizações e nós realizamos a comunicação.


Desde o início, somos responsáveis por ações como planejamento estratégico de comunicação, identidade visual, materiais como cartilhas e redes sociais e formação em comunicação com juventudes. A experiência mostra como a comunicação, quando construída de forma estruturada, é uma ferramenta aliada da adaptação climática e pode reforçar iniciativas locais, ampliar vozes e conectar processos locais e globais.


Visita ao Sistema Agroflorestal da agricultora Roseli dos Santos Moreira, no Quilombo Vila União - Salvaterra/PA. Foto: Lírio Moraes/ Angola Comunicação
Visita ao Sistema Agroflorestal da agricultora Roseli dos Santos Moreira, no Quilombo Vila União - Salvaterra/PA. Foto: Lírio Moraes/ Angola Comunicação

Mas não é apenas no Marajó que temos visto isso acontecer. Com o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), presente no Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, apoiamos a construção de um plano de comunicação que fortalece a luta pelo direito à terra, pelo livre acesso ao babaçu e pela qualidade de vida das mulheres no campo.


Com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) contribuímos nos últimos anos com comunicação e sistematização em diversas linguagens, além da facilitação de processos, como a avaliação do Projeto Quintais das Margaridas, conduzido por mulheres agricultoras em todo Semiárido brasileiro, trazendo à tona práticas que combinam produção de alimentos, cuidado com a biodiversidade e autonomia econômica. Contribuir com a comunicação da ASA é fortalecer as potencialidades de uma região que há anos propõe soluções de adaptação climática que inspiram outros territórios no Brasil e no mundo. 


Atividade de escuta para construção do Planejamento de Comunicação do MIQCB, em Imperatriz/MA.               Foto: Catarina de Angola/ Angola Comunicação
Atividade de escuta para construção do Planejamento de Comunicação do MIQCB, em Imperatriz/MA. Foto: Catarina de Angola/ Angola Comunicação

Nosso trabalho parte do princípio da comunicação como direito humano, contribuindo para o fortalecimento de povos e comunidades. Quando construímos estratégias, ferramentas e narrativas junto a organizações sociais, não estamos apenas partilhando informações, mas criando condições para que essas organizações falem por si, definam suas prioridades e incidam em políticas públicas e espaços de decisão. 


E é nessa dinâmica de trabalho coletiva que fortalecemos essas iniciativas que se dão aqui no Sul Global, porque coloca em evidência o valor dos conhecimentos, das práticas e das soluções que surgem em nossos contextos. Cada planejamento, cada campanha, cada identidade visual, cada formação realizada com jovens ou lideranças faz parte de uma disputa maior de sentidos e narrativa: a de afirmar que nossos territórios produzem conhecimento e inovação, e que nossos conhecimentos são parte das soluções para os desafios globais.

Atividade de escuta para construção do Planejamento de Comunicação do MIQCB, em Imperatriz/MA.               Foto: Catarina de Angola/ Angola Comunicação
Atividade de escuta para construção do Planejamento de Comunicação do MIQCB, em Imperatriz/MA. Foto: Catarina de Angola/ Angola Comunicação

Ao longo desses seis anos de Angola Comunicação, reforcei meu entendimento de que comunicar com participação popular é também enfrentar desigualdades. É disputar sentidos sobre quem somos e sobre o que produzimos, afirmando que povos do Nordeste  e do Norte do Brasil, da Caatinga e da Amazônia, e de tantas outras regiões, têm lugar ativo na construção de alternativas e soluções para desafios globais. E que fortalecer essas vozes é também fortalecer o Sul Global na definição de caminhos coletivos. 


Seguimos nesse caminho, atentas ao que aprendemos até aqui e às conexões que podemos criar a partir daqui.


*Catarina de Angola é mãe, jornalista e consultora em comunicação. Fundadora e diretora executiva da Angola Comunicação.


 
 
 

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